quarta-feira, 1 de julho de 2009

Transtorno Obsessivo-Compulsivo na Infância!

Ao contrário do que se pensa, também acontece...


Atualmente é reconhecido que o transtorno obsessivo-compulsivo é muito mais frequente do que se imaginava. Na adolescência é encontrado entre 1 e 3% dos jovens. Alguns comportamentos aparentemente compulsivos são na verdade normais e esses casos não participam das estatísticas. Pessoas distraídas por exemplos devenvolvem hábitos de verificação depois de terem realmente algumas vezes se esquecido de fecharem a janela de casa ou trancarem a porta ao saírem. Esses casos se diferenciam do transtorno obsessivo compulsivo por não apresentarem o sofrimento da dúvida, ao contrário é uma forma de evitar o sentimento de culpa por ter esquecido algo cujas consequências poderiam levar a prejuízos reais.
No caso das crianças, muitas brincadeiras consideradas normais pelos adultos na verdade são os sintomas iniciais. O olhar atento permite notar que a forma como a criança brinca revela a anormalidade. As crianças quando aprendem a contar gostam de ficar contando tudo que lhe aparece, as crianças que ficam contando e recontando buscando a exatidão podem estar sendo obsessivas. As crianças obessivas não distinguem a obsessão das brincadeiras mas brincam sem se divertirem, brincam com ar de seriedade. Gostar de arrumar os brinquedos ou colecionar objetos são condutas comuns na infância, o padrão de inflexibilidade e insistência nas "brincadeiras" podem ser a dica de que algo não vai bem. As crianças costumam abandonar as brincadeiras, jogos e brinquedos depois de alguns dias ou semanas, a persistência prolongada deve chamar a atenção para se verificar atentamente o que se passa. Exceção seja feita para as bonecas(os) que servem de companheiro, esses casos não caracterizam necessariamente obsessão.
As crianças e adolescentes com transtorno obsessivo-compulsivo não se diferem dos adultos com o mesmo problema, as únicas diferenças encontradas estão relacionadas a imaturidade e puerilidade inerentes da idade. Entre 30 e 50% dos adultos com transtorno obsessivo compulsivo iniciaram o quadro na infância.
A idade média de início na infância está em torno de 9 a 10 anos. Dois entre três casos são meninos, nos adultos observa-se uma equivalência entre os sexos, sendo talvez mais frequente nas mulheres. Nos adultos encontramos muitos casos de obsessões e compulsões múltiplas, nas crianças podemos encontrar muitos casos de compulsões sem obsessões. O curso na maioria das vezes é crônico ou flutuante com períodos de melhora e piora, além dos sintomas mutáveis ao longo do tempo. Crianças e adolescentes com o transtorno se apresentam com mais frequência sem a crítica a respeito dos sintomas, ao contrário dos adultos que percebem ser exageradas ou injustificáveis , mas escondem os sintomas enquanto é possível, mas procuram o psiquiatra com medo de estarem ficando loucos, acham também que são os únicos a terem os sintomas
A comorbidade é muito comum nas crianças. Entre 75 e 80% dos jovens com transtorno obsessivo compulsivo têm pelo menos um outro diagnóstico. Entre as crianças é observada, além dos frequentes casos de depressão e ansiedade, a co-ocorrência da síndrome de Tourette, transtorno hipercinético, oposicional desafiante, transtornos específicos do desenvolvimento e enurese.
Todas as formas de tratamente até recentemente se concentram nas medicações que exerciam algum efeito na inibição da recaptação da serotonina, tendo como primeira medicação eficaz a clomipramina, depois os mais novos inibidores seletivos da recaptação da serotonina como a sertralina e a fluoxetina complementaram o tratamento. Contudo muitos casos continuam resistentes a essa forma de abordagem. A olanzapina, um neuroléptico, é a primeira medicação com atividade faramacológica distinta e mostrar resultados no tratamento dos pacientes resistentes. Essa medicação vem apresentando resultados positivos como potencializador dos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina. Paralelemante a isso a terapia cognitivo-comportamental também tem mostrando resultados animadores tanto no tratamento em conjunto com medicações como isoladamente. O resultado dos estudos estão apontando para a combinação da farmacoterapia com a terapia cognitivo-comportamental como a melhor .

http://www.ufrgs.br/toc/index.htm

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